Léo, Luque, Leandrinho, Luli, Lurdinha


Por Os Cães do Parque


Dia 19 de Julho de 2012. Ainda estávamos às voltas com as adoções de Tom, Tina e Théo (os cachorrinhos do senhor Sebastião) e há quase 2 meses abrigávamos Valentina e seus filhotes, histórias já concluídas e narradas aqui no site.

Toca o telefone: Léo, um dos porteiros do parque. Quando eles ligam, a gente já sabe: é algum problema. No caso, cinco: cinco filhotinhos abandonados numa caixa de papelão, o clássico dos clássicos. 

- Cadê os filhotes, Léo?
- Estão com o Leandro, lá na outra portaria.

Lá do outro lado do parque, cinco cachorrinhos pequeninos, um mês de vida, no máximo. Enroladinhos uns nos outros, no fundo de uma caixa de papelão. Deixados ali, durante a gelada noite de inverno. Leandro, um porteiro mocinho que adora cães, os havia escondido atrás da guarita para evitar curiosos. Havia também arrumado uns panos para protegê-los do frio e até alguma ração. Os estava vigiando pelo dia todo, esperando que chegássemos para socorrê-los.

Não vamos aqui pela milésima vez falar sobre as razões que levam alguém a fazer isso: deixar a cadela de casa emprenhar (mesmo morando numa cidade que tem um eficiente e gratuito programa de castração), ter e amamentar seus filhotes e, um belo dia, resolve que, não podendo ficar com eles, basta despejá-los num parque público. Sim, porque aí o "problema" deixa de ser dele, passa a ser de outra pessoa, alguém que se vire. Esse tipo de "cidadão" é o mesmo que atira lixo pela janela do carro ou que despeja entulho em qualquer lugar. Com o agravante de ser covarde, porque só faz o que faz com a certeza do anonimato. E também com o agravante de ser cruel e homicida em potencial.




Fato é que a gente nem tinha condições, espaço, tempo, para cuidar de mais uma ninhada. Mas ignorar os cachorrinhos não era possível. Os abrigamos precariamente. Eram duas fêmeas, menorzinhas e tímidas. E três machos, sendo que o mais pretinho já aparentava ser o líder da matilha, mais atirado, alegre e destemido.

Encontrar um lar temporário para eles era necessário: alguém que pudesse abrigá-los adequadamente, lhes dando a devida atenção e cuidados, até que tivessem condições de serem castrados e anunciados para adoção. Alguém que pudesse se dedicar a eles por cerca 45 dias.

Como todos os amigos que, em situações anteriores, já haviam nos auxiliado oferecendo lar temporário a filhotes não tinham, naquele momento, condições para isso, colocamos um apelo no Facebook. Nós forneceríamos rações, vacinas, castrações e a certeza das adoções - mas precisávamos de alguém que lhes desse abrigo e atenção adequados.


Já no dia seguinte, alguém se manifestou. O Lucas e a Karine eram cachorreiros de carteirinha: na casa deles, 6 vira-latas adotadas e muitas aventuras de salvamentos caninos para contar. Tinham um bom espaço, tempo disponível para cuidar dos filhotes e muita vontade de ajudar. Só havia um inconveniente: estavam na Zona Sul, do outro lado da cidade - nós preferíamos alguém mais próximo para poder acompanhar e visitar os filhotes com constância.

Lucas e Karine: 45 dias de um LT perfeito.

Mesmo assim, decidimos arriscar e, já no final de semana seguinte, os cinco pimpolhos chegaram para sua temporada na Zona Sul, onde ficaram sob os cuidados de seus jovens pais provisórios.

O que tivemos pelas semanas seguintes, foi a melhor experiência de "lar temporário" desde que este trabalho começou: o Lucas e a Karine não se limitaram a abrigar os filhotes, foram muito além do combinado e auxiliaram em muitas etapas da preparação deles.

Quarenta dias depois, aqueles filhotes mirradinhos já eram cãezinhos bem cuidados, fortes, alegres e socializados, com pessoas e com outros cães. Castrados, vacinados e saudáveis, estavam prontos: o mundo já podia conhecê-los. 



Foram então "batizados" para a divulgação na internet.

Léo e Leandrinho homenagearam os porteiros do parque, lá no início da história. Luli também foi uma homenagem, à nossa parceira Luli Sarraf, do Celebridade Vira Lata. Luque e Lurdinha completaram o quinteto.

Léo
Luque
Leandrinho
Luli
Lurdinha


Ganharam também um vídeo clipe (aumenta o som que isso é rock and roll):


Amplamente divulgados, aqueles filhotinhos jogados fora num parque público, agora eram disputados: foram mais de 100 interessados nas adoções. E é nesse momento que a gente tem que ter mais cuidado: escolher cinco "contemplados" num universo tão grande não é tarefa exatamente fácil. 

Embora a gente estabeleça alguns critérios para escolha, há muito de "feeling" nesse processo. Algumas pessoas, potencialmente bons adotantes, foram descartados por uma coisa ou outra. E fomos especialmente chatos com os cinco escolhidos, até que nos convencêssemos de que eram os melhores destinos para os pequenos.

No dia 1º de Setembro, na Zona Sul de São Paulo, a Beatriz e sua família receberam o Luque com muita festa.
Leandrinho foi recepcionado pela Deyse e sua família também no dia 1º de Setembro. Ele agora se chama Scooby e mora na Zona Norte de São Paulo.
Léo, aquele pretinho líder da matilha, no dia 7 de Setembro, foi até Guarulhos (SP) receber o carinho da Ana Paula.
No dia 09 de Setembro foi a vez da Lurdinha chegar a seu lar: ela foi adotada pela Nicole e mora na Zona Sul de São Paulo.
Também no dia 09 de Setembro, a Luli conheceu sua família: ela foi adotada pelo Danilo e pela Natali. Passou a se chamar Tequila e mora em São Caetano do Sul (SP).

Entregar alguns filhotinhos em adoção pode parecer uma coisa simples: e na verdade é mesmo. 

Complicado é o que precede essa entrega. Desde o resgate, acolhimento e primeiros cuidados, passando pelo lar temporário, alimentação, os cuidados constantes, castração, vacinação, atenção para todo e qualquer pequeno indício de doença; produção de vídeos, fotos e divulgação; atendimento de uma centena de interessados, inicialmente através de emails, depois em contatos telefônicos com muitos, chegando até o momento das entregas, uma história dessas envolve o trabalho e o empenho de muitas pessoas, além de custos que nem chegam a ser calculados.

Por tudo isso, nada cobramos. 

Dessas cinco famílias escolhidas, assim como de todos os adotantes, só esperamos responsabilidade, compromisso e, mais que tudo, que proporcionem aos cãezinhos vidas plenas - e que eles sejam sempre desejados e amados como o foram no dia em que chegaram até seus lares.





Também colaboraram a Luciana Pontes (que conseguiu as guias de encaminhamento para castração) e a Natália Almeida (no corre-corre das entregas).

Um comentário:

  1. Sempre entro no site para olhar esses lindos, tanto os que estão para adoção como os que já foram adotados. Eu tive a grande sorte de ser uma das escolhidas e adotei o Leandrinho (Scooby). Ele está lindo, adora as crianças. Tem uma amiguinha, a nossa gatinha Mimi...Até que se dão bem! Estamos muito feliz com ele em nossas vidas...Obrigado à todos os colaboradores do "Os cães do Parque"!!!

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